Orgulho porque vivemos tão maravilhados com o brilho que essa depressão produz que somos incapazes de entender o porquê ainda temos tantos de nós presos a isso. Assuma quando foi a última vez que saiu de casa e não reclamou que os efeitos das vidas de cada um pode afetar a sua, seja aquela pessoa que insiste em parar 5 minutos numa pressa emergencial numa vaga para deficiente ou aquele que simplesmente parece ignorar ou até se achar mais esperto as regras sociais de bom convívio. Existimos em uma clara auto-ilusão pessoal de cada quadrado que tende a favorecer sob qualquer micro causa ou desfavorecer sobre qualquer fator aquilo que temos ou conquistamos.
Há uma contínua masturbação com a relação dos umbigos, aprendemos muitas habilidades em vida, caminhar, escrever, ler, conversar, sentir, e todos estamos presos a elas. Mas quando as habilidades se tornam "premiadas" de alguma forma, por vezes, sob a ótica do portador é vivida uma síndrome de problemas dados ao poderio da nomeação à realeza destes. Problema todo esse porque o peso da coroa que se é capaz de carregar junto do umbigo é sempre dobrado ao espaço que ela ocupa. Por isso, a necessidade de que a coroa de cada brilhe mais que a coroa do outro. Assim, aprendemos a desqualificar aqueles que nos cercam e por aprendermos que precisamos nos afirmar e nos colocar frente aos outros, de qualquer jeito ou forma. Vivemos a desconfiar de elogios, a descreditar e sermos super exigentes conosco e a nos colocar numa malha de insistências tão profundas que temos dificuldade, inclusive, de tentar coisas diferentes para alcançar méritos já desconhecidos, mas desejados. Vemos e vivemos isso com tanta clareza que algumas pessoas existem, como que num eterno ciclo, presas a um único feito em vida, como se aquilo trouxesse à realidade, todo o poder para o qual tenha nascido, todo o porquê da alimentação e desconexão umbilical realizada. Nisso, há uma contínua batalha, porque o brilho da coroa dói, massacra e nos encara a uma realidade de que, talvez, melhor fosse que não houvesse ali o furo.
Na medida em que tento deslocar a minha coroa para fora do umbigo, vejo o quanto mais eu consigo admirar aqueles ao meu redor e todas as suas maravilhosas e únicas habilidades. Tenho amigos que são maravilhosos desenhistas, conhecidos de certa proximidade que cantam lindas canções, tocam de forma promissora, vejo amigos que começaram por uma piada a tocar bateria que se tornaram referencia. Tenho admirado as boas habilidades de negociação daqueles que me provam que, mesmo com toda a incapacidade de fala, se ajustam melhor que se falasse e justificassem tanto. Vejo minhas irmãs e minha mãe com todo o mar da inteligência que elas se embebedam e a capacidade com que absorvem aquela realidade e que, por vezes, se perdem, mas ainda na graça do que se provam a fazer. Consegui presenciar casais que me mostram diariamente, com toda a sua imperfeição, o quão conseguem se manter realistas, felizes e em conjunto. E da benção que é o meu convívio a gênios de realidades variadas e que conseguem manter uma habilidade social invejável e posso nomear a grande realidade que tenho buscado encarar de ver além de da minha coroa ou de meu centro e mesmo admirando tudo isso, vejo que não há qualquer habilidade que se sobressaia em mim, o que me torna um maravilhoso medíocre sobre aquilo que consigo existir. Afinal, nada mais normal que acessar o comum, permear o comum e se admirar em felicidade ao comum.
Como disse a uma querida pessoa, algo que tenho há dias pensado, "Temos vivido de forma tão rápida que a emergência com quem continuamos a ignorar as coisas pela nossa dor e nosso brilho umbilical, só nos leva a ficarmos perdidos." Talvez, a liberdade seja o desaparecer do umbigo e tornarmos mais cardíacos e menos umbilicais.