Monday, November 26, 2012

Nu


Durante muito tempo eu fui extremamente controlador. Acho engraçado o fato das pessoas serem assim, mas acho mais intrigante o fato de muitos de nós sermos assim. Essa crença de poder "controlar" algo é realmente bem tola. Afinal, no fundo a gente mal se controla. Outra coisa é que durante muito tempo eu era uma pessoa totalmente irritada e vitima do mundo. É até divertido lembrar-me de coisas que fazia no passado, totalmente irritado porque o mundo não era legal comigo, por eu sempre estar tão pronto para fazer as coisas e sempre ganhar um banho de água gelada. Perceber que era totalmente antissocial ao ponto de não conseguir falar nada e com o tempo me tornar uma das pessoas que mais fala (que eu conheço), mas sem deixar de respeitar o espaço de fala alheio, foi importante para mim. Ver essa carapuça constante de tentar esconder os erros, ver o quão difícil foi para mim assumir defeitos, o quão complicado era ver que eu me sentia um monstro, que as brincadeiras dos amigos me incomodavam por eu levar a vida muito a serio e procurava aprovação sob qualquer efeito. Que eu levei tempo para aprender a entender ironia e ate hoje falho miseravelmente várias vezes. Que tive muito medo de poder amar, pois sempre tive medo de abandono, afinal, se nem meu pai foi capaz, por que alguém deveria ser? Me achar a pessoa mais insistentemente boazinha e perceber que bonzinhos sofrem demais por simplesmente não colocarem coisas na mesa. Ver que, por anos, eu tinha como verdades mentiras e que sempre tinha uma arrogância medíocre, que tentava esconder uma fraqueza sempre que necessário. Que eu devo ter sido uma criança extremamente boa e inocente e que perdi isso do jeito mais raivoso possível. Que sempre fui muito observador que sempre me senti mal com isso até um dia perceber que não tinha que me envergonhar. Que tentei por anos ser machinho, falhei e que percebi que isso fazia melhor e não pior de quem me tornei. Que já fui tão ácido em uma piada e por raiva, humilhei. Que levei anos me perdoando para perceber que para a pessoa não passou de uma piada rápida e depois fiquei remoendo a minha incapacidade de perdoar a mim e assim ver um ciclo..
Que tenho esperanças pelo pior de mim, por isso insisto em me colocar o melhor para o mundo. Que já fui negligente em cuidar por arrogância, que fui egoísta em prover por ganância e que fui medroso em compartilhar. Que deveria ter assumido alguns erros de forma mais simples, que complexei tanto que simplesmente perdi. Que fui derrotado constantemente, que fui injusto e que fico muito confuso com quando as pessoas estão sendo perdidas, pois não sei se ajudo, se cuido, se me importo...
Que sei que as pessoas veem muitas coisas boas em mim... Mas que me sinto um pacote de desgosto. Se seria capaz de assumir que tenho medo de pessoas, sendo apaixonado e fascinado por elas. Que gostaria de poder me entregar pro mundo, sendo totalmente presente, em cuidar e acarinhar quem sempre esteve de fato na merda, mas que vejo isso como uma fuga simplória para evitar problemas pessoais e que sei que isso não ajudaria os outros. Que tenho a pala mais consciente da autoconsciência, que não tive curiosidades que parecem bem claras, como beber e ficar de porre, mas me sinto muito realizado quando meus amigos ou companhia se realizam nisso. Que sei que no fundo todo movimento parece egoísta, mas eu queria poder me sentir mais altruísta. Que sei o quanto dói escrever e reler isso constantemente, mas que não consigo parar. Que, às vezes, precisamos chorar. Que tudo isso é roupa e que parece necessário nesse momento se despir. Que nunca me achei bonitão, levei um tempo ate reconhecer beleza em mim e ainda assim, por vezes, peco miseravelmente. Que sempre me senti um péssimo companheiro, que talvez as minhas "ex" sintam alivio em uma escala incapaz de descrição. Que me sinto compulsivo em comer doces e faço isso para compensar em mim uma atitude de fato carinhosa. Que sinto dor quando vejo injustiça, que sei quando posso ajudar, que sei quando pedir ajuda aos outros, mas já pedi para morrer e quase fui premiado. Que talvez tudo seja tolice, mas que ser humano é algo que todos nós desaprendemos, que nos cobrimos de tanta coisa para escondermos o que de fato somos, que simplesmente desaprendemos a ficarmos nu.

Monday, November 19, 2012

Filtros


Ontem, li a seguinte frase "Mesmo um diamante na lama, continua sendo um diamante".

(Preciso nem falar que o processo começou, certo?)

O que importa, talvez, é que se você prestar atenção com permissão, perceba que, mesmo não gostando de alguma pessoa, de algumas atitudes, de algumas coisas, nem tudo ali é lixo.

Existimos num meio de gostar e desgostar contínuo. Não percebemos em vários momentos que alguém que desgostamos pode fazer algo que apreciamos e vice-versa. Afinal, durante nossa infância, vivemos uma coisa de amor e ódio tão súbitos que quando crescemos esquecemos-nos de desenvolver melhor ou de equilibrar mais perceptivelmente isso. Obviamente, aprendemos à medida que vamos crescendo. Aprendemos que nossa mãe, por exemplo, pode fazer várias coisas que gostamos (aquela deliciosa comida, aquela super organização e tantas outras coisas), mas mesmo assim ela terá coisas que não suportamos e que vamos entrar em um maravilhoso processo de desgosto sobre aquelas ações/atitudes. Quando em família algumas coisas parecem fáceis de serem percebidas. Entretanto, quando entre amigos ou em leituras, a coisas não é tão assim.

Lembro-me de, muitas vezes, ficar impaciente com a minha mãe por ela querer muito que eu lesse um texto que havia sido escrito por um autor que desgostasse ou que tinha uma postura claramente absurda em relação aos meus princípios. Entretanto, hoje, vejo que isso era uma tendência a ser alienada, não me dando a possibilidade de conhecer mais coisas e mais ângulos de visão sobre um mesmo ponto de vista.

Tenho até uma memória em particular. Uma vez, ela deixou sobre a minha cama um texto de um pastor evangélico que falava sobre relacionamentos. Quando eu vi o título do texto (infelizmente não lembro o nome, mas recordo que já me deixava meio "transtornado"), eu fiquei totalmente impaciente. E assim, fui conversar com ela o porquê daquele texto. A resposta veio tão impactante quanto o meu súbito aborrecimento adolescente: "ele está sobre sua cama porque eu gostei muito dele e acho que vale suprimir seu preconceito, seja ele qual for e se dar ao trabalho de ler". Mesmo aborrecido, li o texto. E pela primeira vez, vi um pastor evangélico ser extremamente coerente, especialmente quanto a relacionamentos e quanto às percepções de reciprocidade. Naquele momento, eu percebi que havia em mim um preconceito. Um desgostar necessário só por ele vir de um mundo que eu tinha muita dificuldade de compreender. Mas, diante de tudo que havia lido, eu não poderia continuar com a minha "dificuldade" ou preconceito. Afinal, sejamos coerentes, preconceituosos eventualmente podemos ser, mas devemos trabalhar para não mais sermos. Agora, ser burro, jamais.

Ao término do texto, eu já nem lembrava que ele era pastor. Era apenas um bom escritor e então percebia, além de tudo, que muito do nosso desgostar vem de um conjunto de padrões de coisas que não consideramos positivas. Esquecemos que ali há um ser humano com defeitos e qualidades que pode nos ensinar muito (independente da idade, do processo ou do movimento).

Precisamos de um filtro para poder aprender a ouvir de verdade e tirar o que há de melhor, seja de onde a fala venha, e aprender com isso a enxergar além. O lance é que se você observar, uma pessoa homofóbica deveria ser proibida de gostar de Cazuza, por exemplo, mas aqui, aprendemos rapidamente a ignorar o cantor e apreciarmos a sua obra. Quando estamos falando de literatura, isso fica um pouco mais difícil, pois o tempo necessário à digestão é maior. E quando colocamos esse panorama para as relações, o peso vai muito além. É quase como se a música fosse um suco, a literatura, uma salada e as relações, como uma feijoada de domingo que você começou a dar garfadas sobre o apetitoso feijão às 11h e foi terminar só às 17h. Só que, se considerarmos o filtro, talvez já tenhamos tomado medidas prévias a tudo isso, como tomar um chá para ajudar a digerir, ou outras coisas nesse sentido. Criamos panoramas de possíveis entendimentos e aceitação de algumas coisas, mas ainda pecamos e MUITO no quesito dar crédito a quem não gostamos. Por isso, "mesmo um diamante na lama continua sendo um diamante". E que jamais esqueçamos. Até para discordar, precisamos ouvir. Até para ajudarmos a pensar diferente, precisamos ter entendido o outro.

O valor do filtro, em tudo, é muito bom. Afinal, ter atenção sobre o que se faz, nos possibilita agir com (ou contra) as atitudes que se tem como padrão e mais maravilhosamente, ter força sobre a percepção de problemas que, por vezes, criamos sem nos darmos conta. E aqui, deixo uma reflexão, que veio de muito tempo e vale para um todo sempre, da minha mãe: "acho que vale suprimir seu preconceito, seja ele qual for, e se dar ao trabalho de ler".


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Monday, November 12, 2012

Sofremos demais por coisas de menos e percebemos de menos coisas a mais.


E aí você recebe uma mensagem de alguém que conversava um monte, naquele instante, com você: "O resto do mundo passa fingindo que não vê..." (Engraçado que não basta muito para meu cérebro entrar num processo de catarses por conta de alguma frase qualquer).

O lance disso tudo é que existe em nós uma boa dose continua de prepotência. Não por maldade, não por incoerência. Mas por um continuo fator de percepção da não intensidade e da insistência em sermos meio vazios com os alheios. Aprendemos muita coisa na vida, mas acho que a que aprendemos com mais afinco é a de sermos muito fechados (quem me conhece sabe que peco pela oposição disso, sou extremamente solicito, o que não vejo exatamente como um problema, mas, deveria ter um limite mais tranquilo, coisa que não tenho). O curioso, é que queremos conexão, queremos reciprocidade, mas vivemos isolados e presos aos nossos continentes gelados pessoais de medo e orgulho e não somos nem um pouco capazes de quebrar isso de uma maneira facilitada. Sofremos demais por coisas de menos e percebemos de menos coisas a mais. Querendo ou não, quando paramos para assumir isso, já estamos assumindo um problema continuo da nossa constante derrota em sermos humanos.

Afinal, ser humano é ser imperfeito e passar boa parte da vida tentando aprimorar algo que acreditamos que podemos ser melhor e com isso aprender a relacionar em larga escala. Isso, é o que deveria nos tornar mais aptos e mais dinâmicos nas relações. Aí voltamos àquela velha pergunta: "que diabos você quer dizer falando tanto?" O que pretendo aqui, é tornar mais ativa uma percepção que precisa de uma constância nossa. A primeira percepção é que mesmo parecendo prepotente, a frase é mais um arquétipo de autopreservação. A segunda, que enquanto vivemos relacionando orgulho-meu com orgulho-seu, mais estamos botando "nossos monstros para brigarem" e menos nossos corações humanos para se relacionarem (e falo isso com a certeza de que todos temos sentimentos envolvidos a todos os momentos em quaisquer processos colocados e em quaisquer momentos vividos junto de outra pessoa). Enquanto tivermos a tendência de nos pintarmos absurdamente imperfeitos, mais estamos pendentes ao monstro que criamos nos devorar em nossa solidão. Por isso, "sofremos demais por coisas de menos e percebemos de menos coisas a mais". Se você esmiuçar o que acabou de ler você verá, estou sendo óbvio. E no fundo é bem isso, estou, como em qualquer texto, sendo totalmente óbvio. E a única coisa que posso trazer a uma possibilidade é que, talvez, se tentarmos enxergar mais e deixar claro o que vemos, sairemos desse nosso continuo "O resto do mundo passa fingindo que não vê...".

Até porque, sejamos sinceros, não é maravilhoso quando você conversa com pessoas que estão no mesmo livro de uma mesma discussão? Então, tornar-se mais consciente do monstro que em você habita em você, nos torna mais conscientes de entender o monstro que nos outros habitam. Com tanta monstruosidade visível, chega a ser mais fácil de lidar. Inclusive para ajudar, para perceber e para sair da sensação de continuo vazio que recebemos e talvez que despejemos.


Thursday, November 8, 2012

Fé X crença

(Esse não é um texto religioso. Eu uso "fé" e "crença" de um modo que pode não ser do seu entendimento.)

Eu acho curioso quando as pessoas param para te dar dicas ou falar sobre os processos e no final de tudo acabam colocando que "tal atitude" deve ser tomada.

Sejamos honestos, muitos de nós depois de alguns anos de vida aprendemos que isso pode e aquilo não pode ser feito. Durante anos da vida, eu sempre percebi que algumas coisas seriam realizadas e outras não. Mas, claramente, por ser um humano (hobbit, se vc achar mais válido), por varias vezes, estive errado. Eu, sempre bastante racional e analítico, coloquei muito em cheque qualquer movimento de impulsão baseado em "fé" (no sentido de acreditar em algo que mova você além das falas alheias, mas de maneira não cega) e "crenças" (de maneira cega).

Perceba, eu colocar que existe um que enxerga e outro que não, faz assim valer uma premissa de que "às vezes, seguimos o coração" e "às vezes, vivemos só pelo medo". Junto disso, lembro de um texto que há alguns meses atrás me foi enviado por um amigo, falando sobre o conflito "prazer X dor", a nossa eterna tentativa de fugir da dor e para tal buscar o prazer. Curiosamente, vários psicólogos, acreditam na verdade de que você não se desenvolve como ser se sempre foge da dor. E para a nossa vergonha, nossa sociedade está cada vez mais evitando a dor e fugindo pelos vários prazeres. A internet, videogames, bares e afins, sempre facilmente acessíveis para você chegar, deixar a dor pendurada de lado e ter algum prazer. Assim, com esse super estímulo do prazer, perdemos boas e valiosas experiências e pontos de observação aumentando assim nossos padrões e nossas crenças. (Não to falando para você sair por ai e se chicotear, só acho que saber os limites ajuda a saber a hora de batalhar por si e a hora de gozar)

A grande coisa é, "Mírzan, pequeno ser humano que parece mais um hobbit, deve ter menos pontos de força e mais de destreza... Qual o motivo disso tudo"?

O motivo é que pensado com carinho, no final das contas, mesmo com muitas dicas, tendemos a fazer na maioria dos casos aquilo que sentimos que devemos fazer. A coisa é, isso que se faz, é pelo movimento da fé ou da crença? (ou, estou seguindo meu coração ou meus medos?)

Se for pelo movimento da fé, o resultado, seja ele qual for, tende a ser levado como um claro e bom aprendizado, e curiosamente ele geralmente é mais assertivo (te dando aquilo que você intuiu(?) ou sentiu que ocorreria). Não to falando de fé religiosa (pode até ser, mas fica mais complexa a avaliação aqui) e nem de fé como o movimento de acreditar e ficar esperando sem "trabalho"...

Falo de fé, como o movimento que surge na gente e cria um movimento em prol de algo, um movimento novo, que possa parecer, às vezes, improvável, mas não é impossível e que fica fora dos padrões da vida que já levamos (e assim, pode vir, com muito medo de seguir essa "intuição"). E assim, isso se torne um movimento "do coração".

Se for pelo movimento da crença, esse geralmente vai vir como um padrão de repetição em escala de análise da vida, tipo aquela crença de que só aparecem pessoas insuportáveis como chefe (no fundo, pensando calmamente, talvez você seja insuportável ou só consiga ver quem te dê as ordens assim, logo sua crença esta tão fechada, te tornando um cego, que você só consegue culpar o que está fora e assim, até o mais legal dos chefes se torna insuportável). E aqui existe uma premissa, pessoas que te acompanham, família, amigos e tal, tendem a observar, pelo seu padrão de movimento, essa crença e são extremamente aptos a te falar disso. E aqui temos um movimento "do medo".

A grande separação é algo que somente nós, os donos das ações e da "vida em escolha e movimento", seríamos capazes de estruturar. No sentido que se você ouve todos ao seu redor e se coloca num todo das situações percebe que "já passei por essa historia" ou "já sei o final dela". Então aí, talvez, esteja a sua crença.

Agora, se caso entre os ouvidos existam divergências e você sente que age diferente e consegue perceber que "ei, isso é novo para mim, preciso ver onde isso termina.", talvez você esteja conseguindo exercitar a sua fé e junto dela quebrar, por sorte, um padrão. E aqui, você vai ter que agir, ainda que com medos e incertezas, em prol "disso", mesmo sendo chamado de louco ou qualquer coisa que seja pejorativa (curiosamente, agir pela fé pode trazer muito medo, mas age-se enfrentando esse medo. Assim sendo, é possível se trabalhar em conjunto a coragem).

Seja como for, fazer diariamente um balanço de como se observa algumas coisas e como se age e se movimenta dentro de tudo isso, conversando, se abrindo com amigos (nem vou falar que aqui tem que ser aqueles que você já tem o coração amarrado, que eles podem ter dar uma "real" sem você dar chilique e vazar pela porta da sala) com família... para talvez chegar numa percepção de aquilo ser o que você acredita, seja na fé, ou seja na crença. E desse ponto, ter uma mente e um coração mais tranquilos nas próximas grades decisões.

Misteriosamente (na verdade não, mas eu gosto da palavra, ela vai ficar) eu fui agraciado com a possibilidade de ver um grade amigo quebrar uma crença e criar um novo movimento de fé junto a uma amiga que tinha acabado de fazer o mesmo (e que curiosamente dentro da minha fé, eles se dariam super bem e tal). Assim, como vi um outro grande amigo (esse, tão grande, quanto importante) quebrar uma crença profissional, aonde muitos diziam para ele seguir o comportamento padrão (nesse caso de todos os seres) e ele resolveu seguir com a sua fé naquilo que ele estava construindo. E hoje, seu retorno parece vir como um golpe ninja, pois alem da construção natural, existe ainda aquelas que vem pelo movimento externo. (Aqui, eu só lembro de falar para ele "eu te entendo, a decisão é sua, eu não sei o que eu faria, mas vendo isso que você me mostrou aqui, acho que você tem uma boa opção pela frente".)

E ainda nisso tudo, vejo pessoas indo de encontro com seus muros em suas crenças e em uma boa menor quantidade, alguns com os campos floridos das novas possibilidades da fé de cada.

Wednesday, November 7, 2012

Reflexões


Ontem, passei uma boa parte da noite discutido alguns textos de psicologia com a minha mãe (ela é psicóloga). Desses textos havia um muitocurioso sobre as formas de dar carinho e afeto e a dificuldade dealguns outros perceberem isso, no modelo carinho SÓ é carinho se e quando assim.Eu acho que não precisa de muita explicação para percebermos que somos diferentes e que isso vai implicar em formas de comunicação, afeto, relação e outras coisas mile que tudo isso pode (e provavelmente) gerará em algum momento umconflito (entenda que chamar de "conflito" não quer dizer, necessariamente, duas pessoas armadas com facas e uma tentando matar a outra, pode ser uma simples oposição de pensamento).A grande coisa é a capacidade de perceber durante o conflito e/ou perceber na própria dificuldade processos que tornem mais fáceis algumas coisas. Por mais bizarro que isso possa parecer, fazemos com naturalidade certas coisas, que concluímos que sejam "certas", mas de certa forma só nos trazer resultados "ruins" ou contrários aos esperados (aquela natureza de eu tenho isso e preciso melhorar aquilo e tal). Quando na fase de crianças, podemos trocar uma atitude X por uma Y no simples sistema de perceber que a X da menos lucro (prazer, nesse caso). Entretanto, um padrão bastante comum, é o de ignorar varias das falas que realmente podem importar para nós. Ou ainda, estar com algumas coisas tão fortemente presas,que passam desapercebidas as respostas de que precisamos e que simplesmente poderiam ou já se apresentam em algumas conversas. Mas e aí? Como perceber que uma fala possa ser "verdadeira", "necessária" ou ter "as respostas"? Pelo texto, o autor alega que toda e qualquer conversa, quando direcionada a nós tem sua relevância, quando profundamente analisada.

E aqui, eu e minha mãe, entramos num conflito.

Afinal se todas são importantes tenho que relacionar pessoas completamente julgadoras e que tenham um padrão de discriminar constantemente? Pessoas que só conseguem entender afeto de uma ÚNICA forma e que não aceitam variações em seu aspecto mínimo? Que não aceitam os outros em seu processo e fazem questão de invadir? Deste meu questionamento veio a resposta, numa fala minha

"A não ser que ele queira dizer que é exatamente por serem fechados e oblíquos que que eles trazem a resposta de que devemos nos afastar, se não damos conta de lidar com isso, ou não insistir, ou trocar o diálogo? Por ainda termos questionamentos a nós mesmos então, a possibilidade de isso ocorrer em julgamentos excessivos alheios, mesmo que geralmente não verdadeiros em boa parte, podem ainda trazer uma percepção de incômodos por não termos uma límpida visão de nós? Ou ainda, podem ser formas de construção de um lado de percepção nosso que não estivesse sido ainda realmente questionado, fazendo com que tivéssemos novas buscas?"

Minha mãe "Viu como você entendeu?"

Eu tinha me colocado no ponto de não ser relevante a toda e qualquer conversa, inicialmente, mas pelo lance de questionar em excesso tudo e inclusive a mim, havia chegado aonde talvez o autor quisesse...

Outro lance a tudo isso, é o espaço que precisamos criar em nós para vermos o que representamos. Se estamos sempre na dúvida do que somos, se estamos exigindo demais do mundo de fora uma continuidade de algumas coisas, é porque algo em nós já está em conflito e muito provavelmente esse algo será a nossa auto-estima.

Saber criar o seu espaço e aprender a valorizar quem te valoriza pelo que você é, ajuda a manter e a saber a quem devemos e de quem devemos estar perto.

Curiosamente, havia uma conversa em paralelo, via celular, com conteúdos bem próximos, que ganhou, já de imediato, um pouco do novo conhecimento recém reafirmado, pois, de certa forma, acho que ele já estava ali.

Engraçada essa vida... sempre penso em como os humanos são as criaturas mais intrigantes dessa pedra espacial flutuante.

Uma autobiografia em cinco capítulos

"Capítulo I

Ando por uma rua.Existe um buraco bem na calçada.Estou perdida ... Estou desolada e indefesa.Caí nele.Não foi falha minha.Levou uma eternidade encontrar uma forma de sair dali.

Capítulo II

Ando pela mesma rua.Existe um buraco bem fundo na calçada.Eu gostaria de não vê-lo.Caí nele nova mente.Não quero acreditar que estou novamente neste mesmo lugar.Mas ... não foi falha minha.Mesmo assim, levou muito tempo para que eu saísse de lá.

Capítulo III

Ando pela mesma rua.Existe um buraco bem fundo na calçada.Eu o vejo lá.Mesmo assim, caio nele ... virou um hábito ...Mas, agora, meus olhos estão abertos. Eu sei onde estou.E imediatamente saio fora dele.

Capítulo IV

Ando pela mesma rua.Existe um buraco bem fundo na calçada.Eu desvio dele.

Capítulo V

Eu, agora, escolho outra rua para andar ..."

O livro tibetano do viver e do morrer Sogyal Rinponche

Metáfora.


Durante anos eu sempre usei uma metáfora de ser “fluido com as coisas" e sempre associe, (talvez por motivos até óbvios) ao curso de um rio. Curiosamente, hoje pela manhã, conversando com uma querida amiga, citei algo que já pensava a um bom tempo sobre essa mesma metáfora – “Se pararmos para pensar, um rio, às vezes precisa passar e se tornar uma cachoeira, para encher uma porção de terra e criar ou escolher um novo curso.”

No fundo de tudo isso, o que eu quis dizer, é que mesmo nas quedas, nos desencontros e desventuras da vida, existe um momento em que sentimos que estamos parados e começamos a nos cobrar aquela fluidez novamente, mas quando quietamos a mente e as cobranças é fácil perceber que ali, daquele ponto, daquela queda, existem tantas novas possibilidades e tantos novos processos, assim como a água que acabou de chegar ao fim da queda da cachoeira e enche um pequeno poço que quando houver a energia necessária encontrará o novo curso. A fala, que era minha, funcionava para ela, mas funcionava muito mais para mim. Pois, as vezes, a fluidez é construída dentro do estar parado, do estar aceito, do não estar em conflito. Talvez, aquele peso, da necessidade de sentir que tudo corre, de que há uma novidade a cada esquina e que tudo está em movimento, tire-nos a precisão de ver que ainda há, no silencio música e que mesmo enquanto parados existe algo na sua continuidade. O grande lance é que usamos as metáforas pela metade e as usamos meio que sem pensar. Por que talvez, pensando calmamente, mesmo que um pouco, a nossa resposta sempre esteve guardada ali, naquela metáfora que sempre utilizamos que compramos no nosso viver no mundo...

Mas nunca, paramos para realmente observar ou ler seu manual. E essa escrita é mais em tom de agradecimento e seu compartilhamento é pelo que tenho conversado com vários amigos durante essas semanas.

A Prisão do Orgulho


Choro, metido na masmorra
do meu nome.
Dia após dia, levanto, sem descanso,
este muro à minha volta;
e à medida que se ergue no céu,
esconde-se em negra sombra
o meu ser verdadeiro.

Este belo muro
é o meu orgulho,
que eu retoco com cal e areia
para evitar a mais leve fenda.

E com este cuidado todo,
perco de vista
o meu ser verdadeiro.

(Rabindranath Tagore)

Felicidade...

... é quando um amigo recebe uma proposta bem estilosa de trampo e você fica mais empolgado que ele. ... é quando amigos namoram e você curte o movimento mongol que eles apresentam.... é quando mesmo, longe para porra, você que os amigos estão surtando em conhecer coisas novas e você age animado como se estivesse ao lado.... é quando amigos aparecem ao lado de celebridades, em fotos, e você sente no sorriso deles o valor daquilo.... é quando um amigo faz aniversário, você mais grita e soa irracional no telefone, mas sabe que será bem visto.... é quando um amigo se muda, e mesmo com saudades, você percebe que ele está tão bem que te deixa bem.... é quando mesmo tendo todos os movimentos contrários, você não se deixa abalar pela quantidade de vida que teus amigos trazem e você simplesmente, pela empatia e amor a eles, se deixa levar.

Ser difícil...


Hoje, em meio a uma reunião com um cliente (para quem não sabe, sou da área comercial de TI), acontece o seguinte diálogo:Ele - "Desculpa fazer tantas perguntas, sou uma pessoa difícil, eu sei." Eu (sorrindo) - "E quem de nós é fácil, né?"

A curiosidade do diálogo, é que ele pode passar totalmente desapercebido se não fosse: "..sou uma pessoa difícil..."Misteriosamente (ou não) essa é, em menos de uma semana, a 10ª vez (juro) que estudo isso (escuto de pessoas completamente diferentes e de valores e pesos diferentes... mas ainda assim, é a frase, no mesmo contexto).

Não me levem a mal, mesmo, mas quem é fácil? Existe um contexto de sermos criaturas tão complexas no todo e nas relações, que simplesmente não existem pessoas fáceis (favor, não usar seu pensamento podre nesse momento). Eu sei que ele (e todos os outros) queria dizer da dificuldade de se relacionar, mas não existe nada mais prazeroso, necessário, complexo, confuso e, obviamente, difícil.É assim, exatamente, por não termos dimensão do que sentimos, por um dia estarmos de bem com a vida e no outro acordarmos odiando respirar... é complexo, porque as pessoas dão muito valor a algumas coisas e menos a outras e temos uma complicada capacidade de realmente respeitar os outros. Sai do nosso controle. Mexe nos nossos demônios internos, transforma, mas ninguém é capaz de mudar se não tem consciência de algo que está ali e ninguém muda algo que simplesmente condena sem buscar compreender o porque daquilo existindo ali(por isso discriminação não serve de nada). E graças as outras pessoas e ao relacionar-se podemos ver o que ali se encontra e fuçar.Ninguém nesse planeta. plano ou existência muda se não sente na pele, através dos conflitos, que deva mudar. E além disso, ninguém está só, não se iluda. Somos observados e observadores e isso, em vários processos, pode ser também uma relação. Podemos gostar de fazer coisas sozinhos, podemos sentir prazer em nos isolarmos, mas sempre haverá algo que alguém, além de nós, participa.O conflito de ser, de estar e de relacionar-se nos mostra o quão paradoxal somos. E sermos paradoxais é todo para sermos difíceis e relacionar ser tão difícil.Talvez, abaixando as barreiras e os medos. Sendo sinceros com o que sentimos, para podermos baixar a dificuldade... Mas, mesmo assim, jamais perdendo a complexidade em trocar.