Todas essas mudanças aconteceram no meu psicológico. Aprendi a respeitar mais o tempo de algumas coisas, aprendi a julgar menos, observar mais e me qualificar melhor dentro de um espaço pessoal. Aprendi a ver que muitas dificuldades que eu tinha eram apenas padrões em grande estado de repetição e várias outras coisas que talvez não faça muito sentido escrever agora.
Por todos os anos de prática, eu sempre ouvi a seguinte frase "pratique e pare de ter pena de si". Por algum motivo achava essa frase extremamente agressiva e havia um bom incomodo junto de mim por todas as vezes que a ouvi. Curiosamente, ouví-la era como quando sentado torto, alguém vira para e fala "senta direito". Nesse momento existe uma forte tendência a tentar dar o máximo de si para sentar de forma correta, mesmo que não se saiba ao certo fazer isso. Mas a frase dita repercutia em minha mente para procurar o porquê do incomodo que tanto me abalava. Com o tempo, aprendendo a ver que meu limite máximo era meu medo ou minha teimosia, comecei a me dar mais crédito para acessar algumas coisas e uma delas foi uma parte do incomodo mencionado. O incomodo era por eu ter sim, uma boa dose de pena de mim. Afinal, como alguém como eu poderia ser merecedor de algo? Ou pior, por que eu fazia tanta questão de ser merecedor? Por que achava que o que construía não tinha valor? Não tinha nada de físico para comprovar que eu tivesse algum valor dado ao que era considerado assim. E por que queria tanto ter algum valor? Por que insistir em algo que vai ser finito?
Assim, claramente eu tinha dúvidas contínuas, que deixavam claro a minha insegurança e a minha pena de mim mesmo. Entretanto, na hora de praticar, diariamente estava eu sobre o meu tapetinho, procurando respostas que pareciam completamente inacessíveis. Infelizmente, eu acessava as dúvidas, mas não saia muito disso.
Em 2012, depois de enfrentar alguns problemas, que foram tratados de forma prolongada, eu fui acometido por uma pneumonia que me impossibilitou de muitas coisas. Dentre elas, de mim mesmo. Por mais filosófico que isso pareça, aquele órgão que eu tinha trabalhado com tanto fervor e consciência, havia me deixado de lado, ou ao menos, eu me sentia assim. Por mais que procurasse ver os vários ângulos, não concebia uma pessoa que dedicou a vida a se cuidar e que caiu na malha da desgraça. Ler isso te mostra claramente que eu estava sendo vítima de mim. Tendo tanta pena que eu sofria por ser aquele que simplesmente caíra. Como os problemas continuaram com o seu prolongado sistema, perdi muita coisa. Tudo o que tinha de material acumulado tolamente foi perdido. Restaram apenas família, alguns amigos, que sempre me ajudaram muito, e o yoga. Apesar de tudo, a minha identidade, como alguém livre de várias coisas, havia se quebrado e por não me reconhecer com nada, parte se mim desejava uma única coisa, morrer. Por mais complicado que isso fosse e por mais dolorido que parecesse, tudo isso foi o melhor que me aconteceu. Aprendi a rever conceitos que considerava que estavam meio errôneos, como por exemplo, viajar e ir a show com amigos, dentre algumas várias outras coisas. Válido? Mais que isso, transformador. Sentia que desde o momento que havia saído do hospital, eu tinha deixado algo completamente certo de um monte de várias dores e saia alguém que compreendia que as coisas poderiam ser mais plenas.
Tal plenitude me trouxe amigos mais parecidos comigo, revelou máscaras que precisavam beijar o chão (minhas e de outros), revelou que eu precisava usufruir de algumas coisas a muito ensinadas verbalmente, mas que não tinham exemplos claros ou convictos. E que assim eu faria os meus próprios exemplos. Eu me tornaria, no meu máximo, com meus erros, aquilo que eu sentia que deveria me tornar. Mas havia ainda algumas coisas fora de ordem. O yoga ficou intermitente pela recuperação e meu corpo e eu começamos a nos estranhar. Estranhamento esse que me levou a um dia de fúria comigo mesmo. Percebi que ainda estava na minha pena. Claramente, tinha me transformado em muito, mas ainda estava com pena daquele que usou toda a sua capacidade para se isolar, relacionar-se com o mínimo no máximo. E se deixar levar. Se perder e achar que não tinha mais retorno, não que todo o processo fosse esse, mas havia muito disso ali colocado. A grande pergunta foi feita. "Por que ainda sinto pena de mim?" Entendimento não era algo que me faltasse, saber ouvir os outros também não era um problema. Então, onde estava incompleto?
Resolvi, numa segunda, retornar do jeito que fosse para meu corpo. Se ele tinha causado tanta irritação, ele quem me desse a resposta. Voltei a praticar com regularidade o meu yoga, tentando ao menos fazer 10 minutos de uma prática que anteriormente durava 2h30. Seja como for, o retorno parece sempre mais complicado que o primeiro passo. Após uma semana, cheio de ideias e planejamentos, percebi que muitas ideias vinham de uma continua dose de medo de não fazer. De saber que dali nada sairia. Vi amigos próximos realizarem algo que era parte da minha imagem, ainda antiga, mas boa, que precisava ser retornada a mim. Afinal, eu estava num estado deplorável. Resolvi ver fotos antigas de momentos que considerava importantes. Cheguei a perceber que sempre tive o mesmo problema em vida, eu sempre me sentia num estado deplorável.
Completamente consciente a isso, resolvi que faria diferente, para não cair na velha premissa de Einstein, precisava fazer diferente. Mesmo que minha sinusite aparentemente não deixasse. Tentaria algo novo. Assim, sempre que eu olhasse para dentro e sentisse que estava com pena de mim, faria algo para sair do estado que me encontrava.
Desde então, sinto duas coisas. A vida vale sentir pena de si, para permitir ver que você pode aprimorar e melhorar. A pena não é ruim, o que você faz com essa pena é que pode ser completamente autodestrutiva (assim como raiva ou qualquer outro sentimento que paralise os pensamentos em troca de algo que não seja seu).
A segunda coisa é que fica mais fácil agir em prol de si enquanto você sabe o que acontece. Por isso, buscar o conhecimento de cada emoção e de cada momento para entender isso. Lembrar-se que nossos defeitos existem e que por eles temos uma tendência a termos pena ou raiva de nós e saber que no mundo eles serão colocados na boca de outros vezes e vezes, queridos ou não. Isso mostra que o sentimento em si pode habitar a cada passo e talvez, só sejamos capazes de nos ver se aprendermos a respeitar algumas coisas claramente em nós. Assim valha, talvez, saber usar bem a afirmativa "Para de ter pena de si" sabendo quando tem pena de si.
Tal plenitude me trouxe amigos mais parecidos comigo, revelou máscaras que precisavam beijar o chão (minhas e de outros), revelou que eu precisava usufruir de algumas coisas a muito ensinadas verbalmente, mas que não tinham exemplos claros ou convictos. E que assim eu faria os meus próprios exemplos. Eu me tornaria, no meu máximo, com meus erros, aquilo que eu sentia que deveria me tornar. Mas havia ainda algumas coisas fora de ordem. O yoga ficou intermitente pela recuperação e meu corpo e eu começamos a nos estranhar. Estranhamento esse que me levou a um dia de fúria comigo mesmo. Percebi que ainda estava na minha pena. Claramente, tinha me transformado em muito, mas ainda estava com pena daquele que usou toda a sua capacidade para se isolar, relacionar-se com o mínimo no máximo. E se deixar levar. Se perder e achar que não tinha mais retorno, não que todo o processo fosse esse, mas havia muito disso ali colocado. A grande pergunta foi feita. "Por que ainda sinto pena de mim?" Entendimento não era algo que me faltasse, saber ouvir os outros também não era um problema. Então, onde estava incompleto?
Resolvi, numa segunda, retornar do jeito que fosse para meu corpo. Se ele tinha causado tanta irritação, ele quem me desse a resposta. Voltei a praticar com regularidade o meu yoga, tentando ao menos fazer 10 minutos de uma prática que anteriormente durava 2h30. Seja como for, o retorno parece sempre mais complicado que o primeiro passo. Após uma semana, cheio de ideias e planejamentos, percebi que muitas ideias vinham de uma continua dose de medo de não fazer. De saber que dali nada sairia. Vi amigos próximos realizarem algo que era parte da minha imagem, ainda antiga, mas boa, que precisava ser retornada a mim. Afinal, eu estava num estado deplorável. Resolvi ver fotos antigas de momentos que considerava importantes. Cheguei a perceber que sempre tive o mesmo problema em vida, eu sempre me sentia num estado deplorável.
Completamente consciente a isso, resolvi que faria diferente, para não cair na velha premissa de Einstein, precisava fazer diferente. Mesmo que minha sinusite aparentemente não deixasse. Tentaria algo novo. Assim, sempre que eu olhasse para dentro e sentisse que estava com pena de mim, faria algo para sair do estado que me encontrava.
Desde então, sinto duas coisas. A vida vale sentir pena de si, para permitir ver que você pode aprimorar e melhorar. A pena não é ruim, o que você faz com essa pena é que pode ser completamente autodestrutiva (assim como raiva ou qualquer outro sentimento que paralise os pensamentos em troca de algo que não seja seu).
A segunda coisa é que fica mais fácil agir em prol de si enquanto você sabe o que acontece. Por isso, buscar o conhecimento de cada emoção e de cada momento para entender isso. Lembrar-se que nossos defeitos existem e que por eles temos uma tendência a termos pena ou raiva de nós e saber que no mundo eles serão colocados na boca de outros vezes e vezes, queridos ou não. Isso mostra que o sentimento em si pode habitar a cada passo e talvez, só sejamos capazes de nos ver se aprendermos a respeitar algumas coisas claramente em nós. Assim valha, talvez, saber usar bem a afirmativa "Para de ter pena de si" sabendo quando tem pena de si.